sábado, 10 de dezembro de 2011

O bêbado e o trocador




Um homem visivelmente bêbado,
Corpo rabiscado
Cabelos molhados,
Molhados não de água, de mentiras.
Entrou no Ônibus com míseros dez centavos
O pobre trocador que se destacava pelos óculos e cabelos brancos
Indefeso por trás daquela roleta,
Não pôde impedi-lo de passar
Aquele homem, fez-me lembrar sherazad e suas mil e uma histórias
Aquele discurso falso me causou náuseas,
Bateu uma vontade de expulsá-lo daquele ônibus,
Como poderia fazê-lo? Eu era a parte mais fraca
E por outro lado, a mais forte
Quando chegou a vez dele descer,
um alívio tomou conta de mim,
aquele trocador que acabara de pagar a passagem
de uma pessoa desumana, se lamentava
não contive minhas palavras e logo questionei:
- Não concordo, é injusto.
O trocador, nada podia fazer, não era a primeira vez que
Acontecia e não seria a ultima a acontecer.
Cheguei ao meu destino, fiz o que havia de fazer,
E na volta para casa, tomei o mesmo ônibus,
Com o mesmo trocador, com os mesmos pensamentos.
Sabia que não poderia mudar o mundo com a atitude que tomaria
Mas, consciente que mudaria a noite daquele homem trabalhador.
Entrei, paguei minha passagem e junto com a minha paguei outra,
Deixando claro que, não estava pagando a passagem do desalmado,
E sim, para que não pagasse o justo pelo pecador.

(Ísis Caroline Oliveira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário